Em entrevista psicóloga Monick Farias fala sobre Ciência da Felicidade

Faculdade Rebouças > Anteriores > Em entrevista psicóloga Monick Farias fala sobre Ciência da Felicidade

Os desafios futuros e o
desempenho educacional têm deixado muitos estudantes fragilizados
psicologicamente. O estresse, a ansiedade e a depressão são doenças graves que
atingem os jovens universitários e são assuntos que precisam ser debatidos dentro desses
ambientes. Pensando nisso, a Faculdade Rebouças de Campina Grande lançou no mês
de maio o curso de Ciência da Felicidade, ministrado pela diretora e psicóloga
Monick Farias. Batemos um papo com ela para entendermos melhor a proposta do
curso e porque esses problemas são tão recorrentes em estudantes do ensino
superior.


Emilly: Monick, é uma honra conversar com você a respeito do
curso e entender melhor o seu objetivo. Como surgiu a ideia do curso de
Ciência da Felicidade?

Monick: A ideia surgiu exatamente a partir dessas vivências
realizadas a partir das experiências dos atendimentos com os alunos, tendo em vista
realmente essa angústia que eles acabam desenvolvendo em torno do processo
acadêmico. E aí a gente viu a necessidade, porque a ciência da felicidade ela
vem com bastante ênfase na psicologia positiva, que acaba dando pra gente o
desenvolvimento não só da perspectiva curativa, mas de desenvolver a
potencialidade do ser humano. Então quando a gente adentra à faculdade é um
novo. Então a gente viu que seria uma oportunidade massificada atingindo o
aluno como um todo, surge exatamente dessa ideia de dar um suporte melhor
àqueles alunos que não têm coragem de vir até o setor e ter o atendimento
individualizado.
 A perspectiva do curso
também como são aulas práticas desenvolvidas, acaba atingindo um público
diferente, que muitas vezes que não quer se expor. Também teve a influência de
dona Jeannine (Diretora Administrativa), ela pensou sobre isso também tendo em vista
algumas pesquisas e em parceria com o núcleo multidisciplinar da faculdade.

Emilly: Uma pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais do Ensino Superior (ANDIFES) indicou em 2016 que sete em cada dez
alunos de instituições Federais no Brasil sofrem de alguma dificuldade mental
ou emocional, como estresse, ansiedade e depressão. Como você acha que o curso
irá influenciar na formação acadêmica dos alunos da Faculdade Rebouças?

Monick: Então, o curso vai poder possibilitar ao aluno o autoconhecimento,
dele poder realmente entender quais são os seus limites porque o medo do
futuro, as cobranças por um bom desempenho na faculdade acabam desencadeando
até mesmo esse processo de insegurança, de autocobrança e no curso a nossa
ementa vai permitir que o aluno veja conteúdos e
  também desenvolva atividades que vai fazer
ele saber lidar com essas emoções negativas que surgem, e saber fazer um
trabalho com ele mesmo de blindagem emocional. Porque a gente vai estar a todo
tempo trabalhando o aspecto de acolhermos as emoções positivas a frente desse
processo para entender de onde ela surge, saber lidar com esse meio da vida
adulta e da responsabilidade que chega e poder dar todo o suporte através
desses conteúdos, estudos de caso…é bem por aí.

Emilly: A primeira aula já foi bem diferente da segunda, o clima mais leve entre os alunos e a participação bem mais efetiva
acerca dos questionamentos. E pra você? Qual tipo de preparo psicológico para a
vida acadêmica os estudantes deveriam ter?

Monick: Os estudantes precisam saber que há um tempo pra tudo! Há um tempo para
se debruçar, o tempo da sala de aula, esse tempo precisa ser qualitativo, o
aluno não pode só estar lá, sentado e ouvindo de corpo presente. Ele precisa
ser participativo e muitas vezes ele está no seio da sala de aula mas ele está
inibido, reprimido em muitas questões e o contexto da sala de aula deve permiti-lo
à liberdade, de conversar, de tirar dúvidas de trocar experiências com o professor.
Ele precisa também saber que fora da faculdade ele precisa ter o espaço e o
tempo dele pra estudar, ele precisa ter o local de estudo físico, o material
dele, a caneta dele o caderno dele e a identidade dele nisso. É preciso ter o
tempo de outras atividades, não só estar estudando regularmente, mas ele
precisa também saber dar tempo pra ele, agregar uma atividade lúdica, uma
atividade física que libera prazer, ter tempo com a família…ter tempos não só
voltados para a questão de realmente se preparar para a faculdade. A vida é
plural. A gente pode ser sim um bom filho, ter o tempo pra namorar, pra ir à
igreja, estar com os amigos, ter a vida social e isso acaba trazendo saúde
mental, porque o adoecimento psíquico vem a partir dessa restrição e do
indivíduo não se vê em sociedade como um todo. Claro que em muitas metas a
gente precisa ter um foco e isso vem a partir de algumas renuncias.

Emilly: Quais os tipos de fatores que
influenciam bastante nesse comportamento dos alunos de desenvolver ansiedade e
depressão, além dessa autocobrança? Há muitos fatores que podem influenciar
isso dentro da instituição?

Monick: Não só dentro da
instituição, mas a relação familiar é muito importante sobre isso. Quando você
vai analisar um aluno que é ansioso ele já tem um histórico de ansiedade, então
não é só depois que ele entrou na faculdade que ele se tornou um indivíduo
ansioso, ela pode acentuar, pode sair de um nível leve para um nível severo.
Mas você vê que é importante analisar o histórico. No sentido de quê? Da
relação com a família, do espaço, da representatividade que essa pessoa tem na
família ou não, das projeções, das questões de perda e ganhos ao longo da vida,
até mesmo da sua vida escolar. Também vivemos em um momento em que as informações
chegam muito rápido, isso tem desenvolvido um pensamento muito acelerado. A
gente tá vivendo nesse self ideal o tempo todo, quando na verdade a gente vai
pro dia a dia e se depara com um self totalmente real e isso nos frustra. Isso
também acaba desencadeando a relação de sala de aula com o professor, com as hierarquias
institucionais, com a coordenação, com a diretoria, isso também são fatores de
desenvolvimento de ansiedade. Então às vezes você tem um professor em sala de
aula que ele desencadeia no aluno por conta postura, da didática, pela forma
que ele maneja a turma. Por isso a gente tenta trabalhar em nossos professores
essa cultura de perceber o aluno em coletividade, mas também em sua
individualidade.

Emilly: Algumas pesquisas também apontam
esses transtornos como um problema de saúde ambiental. Você concorda?

Monick: Eu não seria tão
singular, mas eu entenderia que é uma soma. Claro que essa questão de saúde
ambiental ela nos modela muito, ela está totalmente relacionada à quem nós
vamos nos tornando ou não nos tornando mas eu acho que também está ligado à fatores
Bio-psíco-sociais e espirituais, então é uma relação que vai para além disso.
Tem a relação fisiológica também, a reação química do organismo, tem pessoas
que elas estão com um déficit de vitaminas até por conta da rotina, porque não
dormem bem, porque não comem bem e às vezes elas desencadeiam um processo de
esgotamento do organismo por conta dessa falha.

Emilly: Depois de ter ministrado o
curso, que teve duração de dois dias, como você observou a reação da turma partir da primeira e da segunda aula?

Monick: Eu percebi que as
motivações de terem se matriculado no curso foram distintas! Desde entender
porque não era feliz, até a curiosidade de dizer: “o que se vai falar sobre
isso? O que é a ciência da felicidade?” Então eles ventilavam muito em torno
desse interesse, o porquê né?! Na primeira aula quando foi apresentada a ementa
do que a gente iria trabalhar, eu via que a medida que o conteúdo ia sendo
lecionado, eles iam dizendo: “eu não pensei sobre isso, eu não imaginava que
essa questão tem relação ao meu bem estar, à como eu me enxergo a vida. Eu fui
observando que isso foi evoluindo, que na primeira aula como eles não sabiam
exatamente o que eles iam desvendar dentro da ciência da felicidade, eles
estavam com os olhinhos cheios de interrogações, como outros tinham expectativas
de realmente serem pessoas mais positivas, houveram muitas confissões durante,
de pessoas que já adotaram um estilo de vida positivo e de observar as circunstâncias
 e mesmo diante disso serem gratos,
como
  também pessoas negativas que vivem
num ciclo vicioso e estão querendo sair daquilo. Foi muito evolutivo por isso.
Em um dos nossos momentos falamos sobre “é o sucesso que nos traz felicidade ou
a felicidade que nos traz sucesso?”. Outra coisa foi quando a gente tocou nas
definições de potencial desenvolvido, de que todo ser humanos pode desenvolver seu
potencial. Muitos alunos não acreditavam em si e sempre ao final de cada aula
nós fazíamos uma dinâmica sobre o que a gente leva e o que a gente deixa,
muitos deles saíram acreditando mais em si, agarrando uma mentalidade diferente. Nós podemos ser resiliêntes e recomeçarmos.
 

Posts relacionados

Deixe uma resposta